Se existe alguma coisa que o Carlos não sabe fazer eu desconheço, e esse tópico cabe perfeitamente em qualquer conversa sobre nomes do cenário independente nacional, afinal, Carlos ou Caíque Fermentão é baterista da banda Zander, assim como também é na banda Ator Morto, além de baixista no projeto Devilish, antes de lançar a sua aguardada (?) carreira solo – onde se me permitem a suposição, creio que gravou sozinho 99% de todos instrumentos – isso sem esquecer que ele também foi guitarrista e vocalista do finado grupo Corona Kings, enfim, o Carlos faz e fez muito dentro do universo underground.
Neste momento, mais precisamente na primeira semana de novembro, Carlos lançou o seu primeiro single solo, a incrível “Made in Haiti”, uma das melhores músicas independentes deste ano sem dúvida – aguardem a lista MESSCLA antes do final do ano – portanto se você ainda o desconhece, se faça o favor de corrigir essa estupidez.
“Made in Haiti” é simples, básica, não existe nenhuma pretensão musical de exibição masturbatória de técnica impecável ou experimentalismos chatos repletos de notas ressoantes sem sentido, aqui a escola musical é clássica, rock em cadência pontuada executada com a excelência exigida pelo punk e o hardcore, em velocidade e eletricidade constante. A letra é um espetáculo à parte, conseguindo em poucos versos explorar via uma crítica sarcástica, observações ácidas de maneira atual e objetiva, definitivamente conectada com o momento de agora, e não como em muitos casos, um quebra cabeça de frases de efeitos e metáforas vazias, tão comum na produção atual em geral. “Made in Haiti” foca no egocentrismo e adulação da imagem e êxitos nada meritocraciais, tão repetitivos em todas as redes sociais. Se ela corre o risco de tornar-se datada com o tempo, ela também obtém o exito de ser um referência para a época de sua execução – e muitos poucos músicos possuem em si essa qualidade e coragem de produção.
Conforme anunciado “Made in Haiti” é apenas o primeiro single de um álbum pronto mas ainda inédito, e isso é ótimo, pois agora resta aquietar a ansiedade e acreditar que o Carlos irá prover mais uma vez a excelência, já que não pretendemos facilitar a vida deste Moraes Moreira do metal, agora que ele já nos viciou em altissíma qualidade.
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