Foram 5 anos desde o último lançamento. Nesse período os dois integrantes do Black Keys apenas se ocuparam em desenvolver trabalhos solos sem grandes repercussões de crítica ou público e algumas participações especiais.
Enquanto a expectativa e a paciência dos fãs apenas diminuía a cada novo ano sem novidades, a dupla basicamente observava em silencio o acúmulo de royalties pagos pela execução do single “Lonely Boy”, seu maior sucesso comercial, presente no álbum El Camino de 2011 e em constante execução em todo lugar.
A canção alcançou uma repercussão enlouquecedora, figurando presença em trilhas sonoras de filmes pop descartáveis, séries adolescentes, jogos eletrônicos, comerciais (plural) diversos, lojas de departamento, restaurantes fast food e duvidáveis playlists denominadas como “novo rock”. No YouTube, por exemplo, a canção acumula 124 milhões de visualizações em um único canal, um número inimaginável quando se conhece a história e a performance comercial da dupla até então.
Mas vamos retornar para 2019. Sem qualquer aviso a dupla simplesmente surpreendeu a todos ao lançar o single “Lo/Hi”, uma composição menos acelerada que o seu maior sucesso, mas pronta para ocupar uma posição de alta rotatividade nas rádios americanas, assim como pautas sobre música e nomes de interesse para o line-up de futuros festivais.
O single não destoa da natureza de composição do Black Keys, um pop rock setentista com direito a todos os elementos e o clima de uma notável e antiga era para o rock’n’roll. A canção é boa, atende aos fãs mais obsecados, mas por não ousar em absolutamente nada – ela poderia estar presente em quase qualquer álbum da banda – o single acaba por se tornar um forte candidato à canção febre e esquecível. De uma forma não esperada, será infelizmente esquecível.
Em tempo, o claro registro de falta de ousadia e inovação atual deve-se a um acontecimento específico na carreira da dupla, transformando-se em um capítulo traumático na história do Black Keys. Após o estrondoso sucesso do álbum El Camino em 2011 a dupla investiu em uma tentativa de renovação da sua sonoridade, lançando em 2014 o álbum Turn Blue – um álbum incrível e certamente presente entre os seus melhores trabalhos – mas que diante do sucesso do trabalho anterior fora recebido como um fracasso. A crítica não entendeu, o público estava apenas interessado em um single, e assim temos parte do que pode ser a explicação dos últimos cinco anos sem novidades.
Acontece que o novo single não atende essa espera, e por mais que o Black Keys retome uma fórmula passada e quase certa, talvez o mercado continue considerando-o apenas a banda de um sucesso apenas.
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