Para os fãs a espera por novidades do System Of A Down foi de exatamente quinze anos. Observe que algumas bandas sequer conseguem existir por esse mesmo período, portanto imagine a devoção que é simplesmente aguardar durante este período por qualquer novidade, insano? Absolutamente. Lembre-se que os fãs de Guns N’ Roses aguardaram os mesmos quinze anos por Chinese Democracy, portanto por pior que seja, ainda não se trata de um ato inédito, e esperamos que também não se torne uma tendência. A banda, para ser honesto, durante anos não indicava claros sinais, ou na realidade qualquer sinal de interesse em uma reunião, o fim parecia ser certo para o System Of A Down e a infelicidade dos seus fãs, até que um conflito armado, mais especificamente os recentes acontecimentos entre os países Azerbaijão e Armênia, mudaram a história e acabaram com o a espera dos fãs.
É claro que, retormar as atividades de uma banda global como o System Of A Down com o objetivo de atrair a atenção da mídia para um conflito armado, é algo de fato nobre e político para um grupo de músicos que possuem raízes na região do conflito. Abrir mão da arrecadação gerada pelo seu retorno, também é um sinal de sua integridade, desarticulando impressões de oportunismo mediante a situação, mas por fim é triste celebrar o seu retorno mediante os fatos, e talvez fosse melhor não rever o novo System Of A Down se esse fosse o preço para a não existência de um conflito armado. Eu tenho certeza que a banda concorda com essa reflexão.
Mas… Foco ao nosso objetivo, afinal, o retorno do System Of A Down resultou musicalmente em boas e novas canções?
Os singles “Protect The Land” e “Genocidal Humanoidz” foram lançados sem qualquer indicação primária de sua produção, surpreendendo a todos, e apesar do último trabalho lançado pela banda, o álbum Mezmerize de 2005, apresentar algumas experimentações sonoras na composição de suas canções, os dois novos singles parecem pérolas perdidas em arquivos de gravação do início da banda, em resumo, ou são ideias antigas abandonadas e agora reaproveitadas, ou de alguma forma o System Of A Down retornou no tempo e produziu músicas que poderiam figurar em seus álbuns de 1998 ou 2001.
Mas isso afinal é bom ou ruim? Para os fãs talvez seja ótimo, a banda entrega exatamente o que se espera, ela não surpreende é fato, mas também não desanima, e o maior risco nesse caso é apenas se prender ao passado e se ver obrigada a repetir o mesmo setlist eternamente. Alguém pensou em Rolling Stones ou AC/DC?
Para os críticos a banda se mostra limitada. Criativamente, técnicamente e principalmente musicalmente. Tudo o que se observa já foi efetivamente feito, refeito, reorganizado vergonhosamente para soar como novo, mas revelando por fim a sua verdadeira natureza, é apenas mais do mesmo. E é exatamente por isso que a novidade acaba por se tornar esquecível, datada e tediosa.
Fãs fiéis da banda irão celebrar, é claro. Fãs de música, sequer irão notar.
E assim acabamos por mergulhar em uma das minhas mais angustiantes reflexões, a música como produto de consumo deve manter a sua fórmula ou se reinventar? Não existe até o momento, uma resposta clara e certa para a minha pergunta, mas isso é tema para outro artigo.
O meu real desejo é que de fato conflitos armados deixem de existir, e se o custo para isso for a reunião de bandas como o System Of A Down, eu acho um ótimo negócio.
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