Em algum momento no início de 2020 o vocalista da banda brasiliense Scalene, Gustavo Bertoni, assistiu a performance dos Selvagens sob a comum hipnose promovida pelo grupo em todos os seus shows – você que desconhece esse show precisa se presentear com essa experiência única, precisa valorizar o talento nacional, ao invés de torcer para a queda da valorização do dólar para cultuar grupos estrangeiros que, quando se importam em apresentar-se aqui, optam por uma versão mais dimunuta do seu espetáculo e potencial, quando não mergulham no puro playback vergonhoso. Ou talvez você deseja ser apenas um wannabe de estrangeirismos, triste.
Enfim, escutar “Brasileiro” ao escrever essa crítica resulta em ensaios críticos curiosos, mas não relacionados ao foco, pois aqui a questão é, maravilhado com a performance do grupo Selvagens, o vocalista da banda Scalene os convidou para uma composição conjunta, e depois de meses de produção finalmente temos o resultado dessa orgia entre bandas de rock, o famigerado “feat” ou filho ocasional celebrado, a incrível canção “O Rio”.
A composição é uma auroral boreal sonora, sob autoria de Bertoni, a melodia abraça os vocais de Rafael Martins do grupo Selvagens e resulta em uma poesia otimista para um ano tão obscuro quanto 2020. É sem dúvida uma das melhores canções do ano (aguardem a lista MESSCLA), e nos motiva imaginar uma terceira banda formada por selvagens justiceiros e triangulos escalenos, ou no mínimo uma turnê conjunta entre os grupos, o que resultaria em um espetáculo imperdíveis para os sentidos.
Ainda sobre percepções, seria o rock um estilo indigesto ao momento que vivemos e por isso bandas como os Selvagens e o Scalene terem tão pouca repercussão e presença na mídia sudeste, ou somos nós – eu como paulista – que ignoramos o talento externo do meu estado em uma xenofobia musical velada?
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