CINEMA | TRASH É O QUE AMAMOS, 5 OBRAS IMPERDÍVEIS!

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É complicado discutir a natureza de um filme trash. Primeiro é preciso esclarecer que trash é um título muito amplo, presente em todos os gêneros e muitas vezes atribuído a obras que – inicialmente – sequer desejavam se tornar trash. Mas o que é trash afinal? Hoje um filme pode ou não pode nascer trash. Por opção o filme trash é propositalmente ruim, se baseia em uma história absurda tendo seus efeitos e performances exagerados. O filme é tão ruim que passa a ser considerado bom, conhece essa história? Acontece que o trash normalmente ganha repercussão. Sua precariedade gera entre os espectadores uma discussão infinita do que poderia ser ou não ser possível, fora que o amadorismo de seus efeitos e performances, acabam por render cenas célebres e engraçadas.

O trash conquista uma legião de fãs justamente por se opor ao idealismo do cinema arte. O cinema cult requer um estudo elaborado de fatores de produção, para assim concluir uma obra desconcertante e provocativa. No universo cult a obra gera reflexão. Registra com perfeição os infinitos conflitos universais e assim se tornam atemporais. No trash o que interessa é o absurdo, o exagero, o desapego a qualquer tipo de regra com o propósito de provar que é possível produzir filmes com graça, avessos a seriedade dos filmes arte.

Eu sou fã de filmes trash. Sou ainda mais obcecado por filmes que inicialmente deveriam ser sérios representantes ao seu gênero inicial, mas ganharam o título de trash devido a qualquer exagero ou falta de bom senso de seus produtores.

Para celebrar esse estilo de produção, decidi selecionar e organizar por ordem de lançamento, os cinco maiores filmes trash da minha vida. A regra para a seleção foi simples, quando penso em trash quais são os cinco primeiros filmes que eu me lembro?  Eu sei que a quantidade de filmes é quase infinita. Hoje trash já é considerado gênero e muito de sua graça se perdeu com a obsessão de atingir os maiores níveis de exagero, diferente de muitas obras do passado, quando muitos filmes trash foram produzidos e gerados devido a orçamentos baixos e muito improviso.

Você pode não gostar do gênero trash, mas tenho certeza de que já assistiu ou irá assistir algum dos cinco filmes selecionados neste artigo, pois apenas a sinopse resumida de suas histórias absurdas já é diversão garantida. E para você, quais são os cinco maiores filmes trash da sua vida?

Piranha, 1978.

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Em 1975 Steven Spielberg e o seu clássico “Tubarão (Jaws)” causava furor pelas salas de cinema em todo mundo, iniciando assim uma série infinita de filmes sobre predadores com tendências assassinas, como abelhas, crocodilos, aranhas, formigas e derivados.

Em 1978, Roger Corman (uma espécie de papa dos filmes de terror série B americanos) aproveitou-se da onda oportunista iniciada com o filme de Spielberg, e decidiu entregar a realização de um filme de terror sobre um animal feroz e esfomeado ao jovem realizador Joe Dante.

Com apenas 22 dias de filmagens, um orçamento minúsculo, atores canastrões e um exagerado abuso de efeitos “especiais” nada saudáveis, Joe Dante conseguiu fazer um filme sobre piranhas assassinas que se tornou um clássico do gênero.

A história é fantástica.

Ao investigar o desaparecimento de um casal de adolescentes, uma investigadora e um guia florestal (nossa dupla de anti-heróis) acabam por libertar acidentalmente para o rio local várias piranhas alteradas geneticamente, presas inicialmente dentro de uma das infinitas áreas militares secretas do governo norte americano. É engraçado pensar que um guarda florestal e uma investigadora têm acesso fácil a uma área ultra secreta – e militar – mas nada supera a criação por parte do governo norte americano de uma variedade de piranhas mutantes, destinadas a serem usadas como arma contra os russos durante a guerra fria.

Após a compreensão do acidente, a nossa dupla de heróis precisa correr contra o tempo para avisar a comunidade local e um clube de veraneio sobre o perigo que correm, isso sem contar a possibilidade catastrófica caso as piranhas conseguirem chegar ao mar aberto (as piranhas são peixes de água doce, mas lembre-se que essas são mutantes).

Como é habitual, os políticos locais não acreditam na história e assim começa o banquete dos nossos protagonistas mutantes. É de salientar que as piranhas devoram as pessoas conforme a sua importância na história. Assim temos banhistas/figurantes que são devorados em segundos, como temos personagens que são devorados em minutos. Existem todos os tipos de vítimas, mas as preferidas são as jovens de 20 anos (hoje com 60) em biquínis ao bom estilo dos finais dos anos 70. Um clássico trash com a diversão garantida.

Gremlins, 1984.

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Antes de qualquer observação é preciso registrar que Gremlins é um filme de terror produzido por Spielberg e dirigido por Joe Dante. A presença da dupla já deveria ser garantia de sucesso entre o público trash, mas o filme de 1984 alcançou um sucesso mundial inesperado, conquistando fãs de todos os gêneros no mundo todo.

A história é simples. Rand Peltzer é um inventor excêntrico que caminha pela sombria Chinatown a procura de um presente para o seu filho Billy. Ele se encanta ao encontrar um velho chinês com um exótico animal de estimação. Encantado com o animal, Rand negocia sem sucesso a compra do mesmo, mas apenas consegue ser advertido quanto às responsabilidades necessárias para cuidar de um Mogwai (pensou em alguma banda de rock?).

Mas graças ao capitalismo do mundo, o Mogwai é negociado pelo neto do velho chinês ao excêntrico inventor, desde que ele aceite cumprir as três regras básicas para a sua criação. Os Mogwais não podem ser expostos à luz forte ou solar. Nunca devem entrar em contato com a água e principalmente não podem ser alimentados após a meia noite. Uma vez que as condições são aceitas, o negócio é fechado em apenas 200 doláres. Feliz, Rand volta para casa satisfeito com o presente do filho. Obviamente nunca entenderemos a origem real da raça Mogwai, assim como as três regras básicas para a sua criação serão totalmente ignoradas por Rand e seu filho Billy.

Maravilhado com o presente do pai, Billy logo trata de chamar o Mogwai de Gizmo. Desatento em relação às três regras básicas, Billy acidentalmente derruba água sobre Gizmo que imediatamente sofre terríveis erupções de pele, resultando no aparecimento de novos Mogwais em questão de segundos. Até então a reprodução por meio do contato com a água é o menor dos problemas. Histéricos por conta da fome, Billy resolve alimentar os Mogwais após a meia-noite, sem perceber que o relógio de sua casa estava desligado.

Na manhã seguinte diversos casulos nojentos surgem, dando origem em poucas horas aos diabólicos Gremlins. Feios, sujos, malvados e de extrema facilidade de reprodução, os Gremlins dão início a um novo momento do filme, adicionando uma dose de humor inegável por conta do exército anárquico em que se transformam. As cenas de destruição e anarquia dos Gremlins são históricas entre os filmes trash. Graças ao seu sucesso comercial, as criaturas de Spielberg inspiraram um número sem fim de filmes com criaturas pequenas, nojentas, anárquicas e mortais.

The Stuff, 1985.

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The Stuff, conhecido no Brasil como “A Coisa”, talvez seja um dos melhores filmes trash de humor sarcástico já produzidos. Dirigida por Larry Cohen o enredo deixa claro desde o início a sua intenção em ser exageradamente non-sense e engraçado.

A história começa com um minerador que durante uma escavação encontra uma substância branca, parecida com um iogurte, e assim simplesmente decide experimentá-la – o mais óbvio a ser feito neste caso. Ele descobre que a substância possui um sabor agradável e muito atrativo. Logo, graças ao capitalismo e uma absurda ignorância da agência de vigilância sanitária norte americana, a substância branca se transforma em uma febre mundial, passando a ser vendida nos supermercados como uma sobremesa de luxo.

O sucesso comercial da sobremesa de luxo chama a atenção dos concorrentes industriais de laticínios, que decidem contratar um espião industrial (o ótimo David “Mo”) para descobrir qual é a fórmula da substância misteriosa. Quando consegue identificar a substância, David fica apavorado: a substância que emana da terra faz com que todas as pessoas que a consumam sejam devoradas de dentro para fora, ou são transformadas em zumbis.

Nunca na história do cinema fora utilizado uma quantidade tão grande de creme de barbear como inimigo da humanidade, fora que o controle mental promovido pelo creme em humanos, transformando-os em zumbis, é sensacional. Diversão acima da média com cenas impossíveis de se descrever.

Critters, 1986.

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Gremlins fez um sucesso mundial inesperado em 1984, mas para o diretor Stephen Herek ainda era possível inovar e corrigir os erros do passado. Com um time de roteiristas improvisados ele deu vida ao projeto Critters, no Brasil conhecido como “Criaturas”. A história esclarecia com muita ficção os principais mistérios de Gremlins, acrescentando mais sangue e ação, transformando as criaturas anárquicas adoráveis de Spielberg em assustadores seres do espaço.

Em Critters a história concorre com The Stuff ao prémio de roteiro mais criativo de cinema trash da década de 80.

Tudo começa no espaço. Um asteroide de segurança máxima (WTF?) sofre uma falha de contenção permitindo a fuga de dezenas de pequenas criaturas para o planeta Terra. Obviamente as criaturas conseguem aterrissar em uma cidade do interior norte americano, onde iniciam a mais sanguenta guerra pela sobrevivência já roteirizada.  Para a sua captura um grupo de caçadores de recompensa intergalácticos (WTF?) é enviada ao planeta terra, a fim de ajudar os humanos no combate a essa praga espacial.

Os Critters são criaturas pequenas como os Gremlins. Por conta de sua pelugem e formato oval, eles se parecem com um animal de estimação, mas possuem uma boca enorme com dentes afiados e se alimentam principalmente com carne humana – bacana não?

Cabe aos moradores da pequena cidade do interior se unir ao grupo de caçadores intergalácticos a fim de lutar contra essa terrível ameaça. A história fez tanto sucesso que originou uma série de produtos e iniciou a franquia de 4 filmes. Clássico.

Tremors, 1990.

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Finalmente o último clássico trash. Alguns fãs arriscam dizer que Ron Underwood dirigiu este que pode ser um dos melhores filmes de Kevin Bacon. É sério.

Mais uma vez, uma cidade decadente e esquecida no meio do deserto de norte americano é palco para um massacre de criaturas inimagináveis, carnívoras e cruéis. Será que Tremors, conhecido no Brasil como “O Ataque dos Vermes Malditos”, se inspirou em alguma fórmula de sucesso dos filmes trash?

O roteiro é simples, mas o filme se revela um thriller trash de primeira categoria. Perfection (ótimo nome para uma cidade decadente) é uma pequena vila isolada no meio do estado de Nevada onde, indo de encontro à calmaria costumeira, passa a sofrer uma série de abalos sísmicos estranhos. Para investigar as vibrações uma estudante de sismologia instala aparelhos no deserto de medição no deserto, quando dois trapaceiros descobrem que embaixo da cidade está uma ninhada de vermes carnívoros gigantes que se movem sob a terra em alta velocidade. Acuada pelas criaturas, os habitantes da cidade se unem para encontrar uma solução e eliminá-los.

Todos os elementos trash estão presentes em Tremors, mas a tensão ganha um destaque especial. Por conta da natureza das criaturas – vermes gigantes que vivem sob a terra – as potenciais vítimas precisam evitar tocar o chão, dando assim um elemento de dificuldade extra para os moradores da pequena cidade. Tremors fez um enorme sucesso, resultando em três continuações e uma série de televisão.

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