Retomando uma das minhas seções favoritas, vamos destacar mais um incrível plágio memorável.

O plágio é o ato de assinar ou apresentar uma obra intelectual de qualquer natureza contendo partes de uma obra que pertença a outra pessoa, sem colocar os créditos para o autor original. No ato de plágio, o plagiador apropria-se indevidamente da obra intelectual de outra pessoa, assumindo a autoria da mesma.

A regra é clara, certo?

Inspirado por Elvis Presley, Tom Petty iniciou sua carreira musical em Ocala, Flórida, trabalhando com os grupos The Sundowners, The Epics e Mudcrutch, até formar em 1976 o grupo Tom Petty and the Heartbreakers, lançando no mesmo ano seu álbum homônimo de estréia. A canção “American Girl” foi o segundo single de trabalho do grupo, que para a infelicidade da banda não obteve êxito nas paradas americanas, mas alcançou uma posição de destaque entre as 50 canções mais executadas nas rádios inglesas em 1977. “American Girl” é considerado um dos 100 maiores riffs de guitarra pela revista Rolling Stone e Tom Petty já integrou o projeto Traveling Wilbury, um mega grupo ao lado de apenas George Harrison, Jeff Lynne, Roy Orbison e Bob Dylan.

Formado em 1998 em Nova Iorque, a banda de indie rock The Strokes conquistou quase que imediatamente a atenção da mídia e a aprovação da crítica com o seu primeiro álbum, Is This It, lançado em 2001 com forte influência de garage rock. O Strokes surgiu durante um período de poucas novidades no cenário musical, e por isso foi considerado um dos grupos que retomariam a supremacia do rock ao lado de grupos como o White Stripes e o Yeah Yeah Yeahs, sendo posteriormente considerada uma das bandas mais influentes do início do século XXI. Em novembro de 2009, Is This It foi eleito o melhor disco da década de 2000, segundo a revista inglesa NME. A canção “Last Nite” foi o segundo single de trabalho do grupo e alcançou uma amplitude global incalculável, tornando-se o maior sucesso do grupo.

25 anos distanciam o lançamento de “American Girl” do grupo Tom Petty and the Heartbreakers e “Last Nite” do Strokes. Coincidentemente (?) ambas foram lançadas como o segundo single do álbum de estréia, porém resultaram em saldos inversos quando comparado a amplitude de seu sucesso. “Last Nite” conquistou o que “American Girl” apenas sonhou conquistar. Mas se a regra é clara, o Strokes deve ao trabalho seminal de Tom Petty o maior single de sua carreira.

Por um lado é bom esclarecer que a construção do riff de “American Girl” deve-se a batida rítmica desenvolvida por Bo Diddley, cantor e guitarrista de blues norte-americano, considerado apenas o 27º melhor guitarrista de todos os tempos pela revista Rolling Stone. Para você ter uma idéia, sem a genialidade de Bo Diddley não haveria o riff de guitarra desenvolvido por Tom Petty, o qual posteriormente foi vergonhosamente copiado pelos Strokes em “Last Nite”.

O maior single da maior banda do início do século XXI é um plágio descarado de uma canção com pouco êxito comercial lançada 25 anos antes. É assustador. Toda a base rítmica desenvolvida por Tom Petty em “American Girl” foi reproduzida de forma mais acentuada e grosseira pelos Strokes em “Last Nite”. O plágio é tão evidente que você pode cantar a letra de “Last Nite” sobre o instrumental de “American Girl” se dificuldade nenhuma, portanto justiça seja feita.

Se você é fã de Strokes deveria obrigatoriamente conhecer o trabalho de Tom Petty, por conta da sua importância seminal para a obra fraca dos nova-iorquinos do século XXI.

Confira agora as duas canções e tire suas próprias conclusões.

Sem demais provocações, esqueça Tom Petty e The Strokes por um momento, na real, honestamente, o verdadeiro senhor do castelo é Bo Diddley! O simpático bluesman é merecidamente parte da história fundamental do rock, e para sempre será lembrado como uma explosão eufórica no palco, hipnotizando o público com a sua inconfundível guitarra quadrada.

Vida longa ao rei Bo!